quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Vó Mariana

Um dia a vida passa
O tempo muda
O vento muda
A voz muda
A dor passa

O aroma daquele limão
O ar que ele perfumou
Insiste em me inspirar
A libido da boca 
A saliva
A comida
Que não é mais paixão
Só é lembrança
De infância
Da casa da avó 
Mariana

Da rosca doce 
Das reinações
Da montanha
Da laranjeira
Da benzedeira
De charrete
E do tempo
Que não volta


sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Homus de feijão fradinho e 30 anos depois

O tempo passa, o tempo voa ...
O que antes parecia somente um jingle daqueles que ficam martelando na cabeça, hoje cai na minha, com todo o peso de uma surpresa óbvia mas que negligenciei ao longo dos anos.
Aqui no Aeroporto de Guarulhos aguardo o embarque do meu filho pra Europa onde ele passará os próximos seis meses: primeiro Moscou e depois Londres. 
Há exatos 30 anos eu partia solitário rumo a Londres. Com uma passagem só de ida , 400 US$ no bolso, um violão Di Giorgio, um berimbau encomendado, sem falar uma palavra em inglês, apenas um contato pra me receber (que era uma amiga de um amigo) e muita coragem pra essa aventura que eu não imaginava, duraria seis anos. 
Hoje vendo meu filho aos 22 anos, fluente em dois idiomas (russo e inglês), indo pra Londres com tudo certinho, convite da universidade, quarto pago, cartão de crédito internacional, roupas apropriadas e um objetivo claro, sinto um misto de alegria e melancolia. 
A melancolia porque de alguma forma queria ter tido as mesmas oportunidades, o mesmo foco e ao invés da coragem, a certeza do que estava buscando. A alegria é por saber que sem a coragem e ousadia daquele gesto aos 21 anos, talvez hoje não tivesse a oportunidade de ajudá-lo na busca do seu querer.
Sei que ainda falta muito pra gente trocar nossos papéis e essa talvez seja minha maior fonte de energia. Hoje sou um pai mais orgulhoso e um pouco triste com a despedida que espero seja breve. 
Pergunto qual seu prato predileto e ele demora alguns segundos pensando... Responde que gosta de tudo o que eu faço em casa, fico todo cheio, ai com sua convicção costumeira me diz: - seu homus de feijão é  bom demais..
Então vai ai a receita, um desafio pra voce preparar na terra dos Beatles, sua banda predileta. Te amo, boa viagem, aproveite, viva o presente e seja muito feliz.

Ingredientes:

500 gr de feijão fradinho
2 dentes de alho
2 colheres de tahine
Suco de 1/2 limão siciliano
Uma pitada de cominho em pó
Azeite de oliva
Sal a gosto
Um ramo de hortelã

Preparo

- Deixe o feijão de molho em água fria de um dia para o outro;
- Escorra o feijão e cozinhe em panela de pressão por 15 minutos (na pressão);
- Com a ajuda de um processador ou mixer (pode ser um garfo) junte o alho, suco do limão, tahine, cominho, azeite e sal a gosto;
- Acrescente ao feijão a mistura dos ingredientes até obter a consistência pastosa do homus, se precisar use um pouco da água da fervura.
- deixe na geladeira de um dia para o outro;
- sirva com um raminho de hortelã e pão sírio, ou russo mesmo.

Bom apetite


domingo, 30 de dezembro de 2012

Arroz com Pequi na Chapada dos Guimarães

Viajei dois mil quilômetros até a Chapada dos Guimarães pra descansar de um ano difícil, mas cheio de descobertas e aprendizados que não se encontram na calmaria. Também do tráfego infernal que nos impõe a política do governo de incentivo às industrias automobilística e do petróleo; dos fogos de artifício que como tudo o que é artificial evito sempre que posso; do pancadão e dos "funks" antes carioca e agora apropriados por todos os estados que se amplificam em centenas de decibéis, nos equipamentos de som automotivos, por seus admiradores, trogloditas culturais que, carentes de agredir fisicamente os desconhecidos, escolheram esse caminho "democrático" e "pacífico" de machucar indefesos. Dos editoriais de final de anos e seus papais-noéis, das desgraças que mostram antes dos exemplos de superação de quem viveu a desgraça exibida no ano passado.
Vim buscar na natureza a inspiração, fonte de tudo o que posso fazer de bom pra mim e para os meus. Com a biodiversidade, aprender a simetria e a mescla das cores e dos elementos, ouvir e ver os pássaros, contemplar o horizonte, beber na fonte a água limpa que ainda nos resta. Banhar-me de rio, comer e beber novos sabores, dormir sem hora pra acordar.
Mas na Chapada dos Guimarães pouco resta deste paraíso idealizado, o progresso chegou amplificado pelas diferenças gritantes de classe, valores e cultura (a da soja principalmente), aqui o Brasil se escancara e o pancadão me persegue. Insisto na busca e encontro consolo na visão das araras que voam assustadas ao som dos rojões e sob a carcaça de uma onça empalhada na sala chic de uma pousada charmosa e bem cuidada. Me oferecem arroz de pequi e com isso me contento, meu possível paraíso tem bastante do que eu gosto.

Receita de Arroz de Pequi Saudável

Ingredientes:
1/2 xíc. de arroz integral cateto
1/2 xíc. de arroz integral vermelho
1/2 xícara de arroz negro
3 xícaras de água fervendo
1 cebola roxa média
4 dentes de alho
100gr de pasta de pequi
Óleo vegetal para refogar
Sal a gosto

Preparo

- Em uma panela de pressão aqueça um fio de óleo e Refogue a cebola e o alho bem picados
- Acrescente os arrozes e mexa por uns 2 minutos
- Acrescente a pasta de pequi e mexa mais um minuto, agora em fogo baixo
- Cubra o arroz com a água fervendo e acrescente sal a gosto.
- Tampe a panela e aguarde dar pressão em fogo baixo
- Deixe na pressão por 10 minutos em gogo baixo
- Desligue o fogo e embaixo de água corrente retire a pressão e deixe esfriar uns dez minutos com a panela aberta.
Serve 4 pessoas


quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Feliz Começo do Mundo!

Queridos, desejo que em 2013 nossa amizade se renove, estejamos mais unidos pois nossos corações fazem parte da mesma corrente que une aqueles que buscam o equilíbrio e o sentido da vida com arte, cultura, espiritualidade, respeito aos outros seres e ao meio ambiente. Nossas virtudes são gêmeas, mas bi-vitelinas, ainda bem. E que encontremos a aceitação nas diferenças, o único caminho pra se continuar crescendo, como já nos ensinou a economia mundial.
Amo vocês cada um de um jeito mas do fundo da minha alma. Beijos

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Menu de final de Natal 2012

Oi pessoal, atendendo a pedidos elaboramos um menu que voces poderão levar pra casa e desfrutar de uma ceia natalina sem crueldade a ainda oferecer aos amigos uma experiência gastronômica que vai além do peru, rs.
Os pedidos devem ser feitos até o dia 21 e as retiradas entre os dias 23 e 24 de dezembro das 10 as 16hs.
Abs
Augusto


MENUS DE NATAL 2012


- Legumes Grelhados ao Molho Cítrico de Laranja Acompanha Purê de Zuca
- Caneloni Vegan em Massa de Abobrinha com recheio de Ricota de Tofú , tomate seco e rúcula) ao Molho de tomates assados em ervas da estação
- Mix de cogumelos soute c/ legumes ao molho de limão siciliano acompanha couscous marroquino c/ nacos de damasco cozido.
–Risoto Integral de Arroz Negro e Cateto com nacos de peras,  tofu defumado crocante, ervilhas e milho verde.
- Lasanha de berinjela ao sugo e tomates frescos (abóbora zuca , champgnon paris e ricota)
- Medalhões de grão de bico com quinua negra orgânica ao molho de mostarda dijon,  acompanha arroz integral com Creme de Alcachofra em conserva e salsa crespa


Sobremesas:
Fudge de Chocolate com Pistach
Panetone Vegano com frutas cristalizadas
Cheese cake vegan
Bolo vegan de figo turco com phisalis com cobertura de purê de tâmaras
OBS: Preço: R$ 50 p/kg  Pedido mínimo: ½ kg de cada item escolhido


sábado, 24 de novembro de 2012

Cigarro X Junk Food

Vale a pena conferir o filme/documentário "Muito além do peso", dirigido por Estela Renner, que acaba de entrar em cartaz na cidade. A película traz à luz as artimanhas publicitárias que a industria de alimentos - em especial a de fast food - usa para enriquecer, envenenando a população, crianças e jovens principalmente.
Assistindo o filme, me lembrei de uma exposição de há alguns anos, no Conjunto Nacional: "Como a industria do cigarro nos enganou", ou algo assim. Era composta por pôsteres, painéis e materiais publicitários, usados pelos fabricantes de cigarro desde o inicio do século XX até pouco tempo atrás, e que tinham como garotos-propaganda estrelas de cinema, atletas, médicos, personalidades das artes e, até, crianças - quem se lembra dos cigarrinhos de chocolate?
Assim como, por trás do tabagismo, estão o câncer e outras sérias doenças, o filme mostra como os alimentos industrializados vêm nos prejudicando e diminuindo a expectativa de vida das novas gerações. Diabetes, trombose, hipertensão, obesidade mórbida: são apenas alguns exemplos de doenças graves que já atingem cerca de 30 a 35% da população global, principalmente crianças e adolescentes de todas as classes sociais.
Como fumante, ativo e passivo, ao longo dos últimos 40 anos, e travando sempre uma batalha interna para ao menos diminuir o hábito, quando assisti o filme não pude deixar de sentir um certo alivio em relação ao meu vício: É que não existe cigarro saudável, qualquer que seja seu tipo, tabaco orgânico, mentolado ou de cravo, são todos nocivos quando tornados hábito. Já no caso dos alimentos, ao contrário, temos a opção dos alimentos saudáveis, basta um pouco de esforço nosso para mudar alguns costumes e, tarefa mais árdua, uma cobrança maior das autoridades, ligadas às áreas de saúde e educação, para que tomem ações mais enérgicas sobre a industria do lixo alimentar, impedindo que esta continue enganando as pessoas com sua publicidade milionária, sedutora e perversa.
Com algum otimismo, espero que em menos de cem anos alguém se lembre de organizar o material publicitário desta industria, num lugar de visibilidade como o Conjunto Nacional, e dê à exposição algum título do tipo: "Como a industria de alimentos nos envenenou".
Abs.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Canelone pra DnaTina

Minha afinidade pela cozinha italiana não é nova. Quem se criou na cidade de Sao Paulo como eu, desde muito cedo teve e ainda tem o privilégio de conviver com essa gastronomia mesmo que de forma "abrasileirada".
Quando era criança, além das lasanhas aos 4 queijos, espaguetes a bolonhesa, ao alho e óleo, minestrones, polentas, assados, nhoques, capeletes, ravioles, canelones e pizzas (minha predileta), tinha também uma influência cultural muito forte, presente no linguajar e sotaque paulistanos, no gestual das pessoas e na arquitetura que predominava nessa São Paulo do final dos anos 60 e 70.
Talvez por isso que a primeira vez que publiquei receitas e suas fotos na edição número 1 da Revista dos Vegetarianos, escolhi as Lasanhas como tema. Curiosamente não conheço a Italia como gostaria, mas adoro essa velhinha italiana, a Dna Tina com quem tive o provilégio de conviver na minha adolescência no Bairro do Jaçanã, cuja memória de suas massas deliciosas continuam me inspirando.
É pra ela e sua família (da qual me aproprio como minha também) que dedico essa receita de canelone de ricota e espinafre ao molho de tomates assados servidos com uma leve pitada de flor de sal.
Abraços carinhosos e até domingo.